A BRUXA SOLITÁRIA
Em uma madrugada de densa negrura
O tempo com imensa fúria
Despejava raios sobre a terra
E deixava que cachoeiras
Desabassem do céu.
Desabrigada nenhuma criatura, viva poderia
ficar.
Mas no meio dessa diluviana tempestade
Uma bruxa montada em vassoura insistia em voar.
Como toda a bruxa vestia
Roupa muito escura,
Seu vestido era preto,
Pele branca e loiro cabelo.
Ao contrario do que podia se esperar,
Ela não era feia. Era mais linda
Do que muitas princesas.
Em meio a mais densa escuridão
Da madrugada tempestuosa
E solidão do seu sombrio coração,
Ela voava pelo campo procurando
Um lugar qualquer para se abrigar.
Avistando uma casinha desceu até lá.
Por uma janela, deitado em uma cama,
Viu um menino de olhos fechados a rezar.
Por um momento seu coração perverso e gelado
Se derreteu em carinho pelo meigo menino.
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Ouvi o barulho das batidas dela na janela,
Abri meus olhos e vi ela pedindo-me para abrir.
Senti medo, pavor, terror? Não. Nada disso.
Senti-me encanto por sua beleza,
Seduzido por sua forma de bater,
Desejo de abrir e trazê-la para minha cama
E viver todas as fantasias que a imaginação
De um menino na puberdade pode conceber.
Mas sabia que era uma bruxa
E que por trás da sua beleza
Havia toda a maldade da sua natureza.
Disse a ela: “Vai embora!
Você não é bem vinda aqui!”
Ela furiosa virou as costas
E montando em sua vassoura
Saiu voando.
Com o coração pesado pela raiva que sentia de
mim
E a dor motivada pelo meu cruel desprezo,
Os olhos dela deixaram verter sua lagrimas
escuras
Que se misturaram com a água da chuva.
E nos confins, na tempestade, como o som de um
trovão
Eu pode ouvi-la gritar pra mim:
“Eu não tive culpa de nascer uma bruxa!
Eu não pedi pra ser assim”!
(Escrito enquanto lembrava-me de uma colega
fantasiada de bruxa no colégio em 2002).
Poeta Daluan,Joaçaba, 22 de fevereiro de 2013
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